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Arquivos da Tag: violência

Violência e a caça aos aliens

19 terça-feira jun 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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assalto, homicídio, Manaus, violência

aliens-pixelQuatro indicadores sobre a eficiência da segurança pública, relativos ao município de Manaus, consultados on line no site da secretaria estadual do Amazonas registram que crimes como homicídios, estupros e latrocínios estão em queda. O quarto indicador também é negativo, mas nesse caso, deveria ser positivo, pois é referente ao número armas apreendidas. Estas estatísticas, porém, não conseguem levar à população maior sensação de segurança, seja nas ruas de Manaus ou mesmo nas residências, como indicam fatos acontecidos de quinta-feira, 14, até o último domingo, 17.

Na noite de quinta-feira um passageiro armado reagiu ao assalto efetivado por pelo menos dois bandidos contra um ônibus que circulava na avenida Max Teixeira, zona Norte da cidade. O enfrentamento culminou com a morte do motorista do coletivo e o ferimento, na cabeça, de um dos assaltantes, o qual, mesmo sem respeitar os direitos humanos dos cidadãos, nem contribuir para geração de riqueza ou para a previdência, está sendo tratado como se fosse o cidadão mais importante e não o lixo que é.

No mesmo assalto, a população, que já não aguenta mais ver pessoas de bem serem mortas pelos bandidos todos os dias, tentou, em vão, evitar a remoção, pelo Samu, do bandido ferido. É possível que este mesmo sentimento de insegurança e de impunidade aos criminosos tenha levado o passageiro a reagir ao assalto. É a barbárie chegando? Talvez não, pode ser a omissão das autoridades levando as pessoas a tentar fazer justiça contra a bandidagem.

Outro fato acontecido na semana passada ilustra a insegurança na cidade. Foi o caso do homem que assassinou cruelmente o casal proprietário de uma floricultura. O assassino estava em seu terceiro dia no emprego. Roubou R$ 700 e mais três telefones, o preço de duas vidas humanas. Os casos de atentados fatais à vida humana já atingiram, de janeiro a junho deste ano, cerca de 420 vítimas.

Mesmo assim, as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública só têm registros públicos disponíveis até abril e é por ali que se obtém a informação de que, no período de janeiro a abril foram praticados 76 estupros, 262 homicídios e 17 latrocínios. Em 2017 os números foram 88 estupros, 313 homicídios e 25 latrocínios nesses quatro meses. O número que destoa é o da apreensão de armas, que em 2017 foi de 368 contra 356 no mesmo período deste ano.

No caso dos assaltos ao transporte coletivo, a informação divulgada pela mídia é de que essas ocorrências já atingiram mais de 1400 neste ano, com a média de 7 ocorrências/dia. É como se toda a frota que roda diariamente por Manaus já tivesse sido vítima de assalto.

No último domingo, pouco antes de iniciar o jogo do Brasil contra a Suíça, dez homens invadiram uma casa no bairro Cidade de Deus, zona Norte, e atiraram contra três pessoas. Para a polícia, parece ser uma briga entre gangs do narcotráfico, já que o local é considerado “zona vermelha”. O problema é que tais ocorrências não se limitam a tiroteios entre traficantes e, na maior parte das ocorrências, a vítima é o cidadão comum.

Ante tais fatos é de se perguntar em que estão sendo aplicados os recursos superiores a 10% do orçamento de segurança pública do Amazonas para o exercício de 2018, na faixa dos R$ 15,46 bilhões. As prisões têm, como sempre tiveram, carências crônicas e não recuperam quem ali é internado, a maior parte da frota de segurança até foi renovada, mas é comum se ver câmera e refletor desses veículos voltados para o céu, em busca de aliens, ou para o chão, caçando vermes, talvez.

Infelizmente, a ausência de um serviço mais efetivo na segurança pública dá oportunidade para que a população, cansada da insegurança e de viver sob temor de ser assaltada a qualquer momento e em qualquer lugar, comece a apelar, também, para a violência e tentar acabar com a bandidagem com o linchamento de quem é flagrado, embora esse caminho não leve à solução do problema.

Pesquisa mostra que, se está ruim, vai piorar

04 sexta-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Notícia

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emprego, finanças, inflação, violência

A Pesquisa de Intenção de Compra e Confiança do Consumidor, divulgada nesta sexta-feira, 4, pela Fecomércio/AM, traz estimativas de que o consumidor pretende gastar R$ 150 em presente voltado para o Dia das Mães. Ao lado desta intenção de gasto, 47,5% dos entrevistados têm expectativa de que, nos próximos seis meses, a situação da economia do Amazonas pode estar um pouco ou muito pior do no momento atual.

Na mesma linha de raciocínio, 37,3% das pessoas ouvidas pela Fecomércio dizem acreditar que a situação financeira de suas famílias também deve piorar na comparação com o período de seis meses atrás. A notícia ruim é que, para 87,2% dos consumidores que responderam à pesquisa e que estão em busca de um novo emprego, conseguir uma ocupação está mais difícil do que neste mesmo período de 2017.

Apesar dos indicadores do governo federal acerca da baixa na inflação, 96% dos consumidores manauaras têm expectativa de que os preços devem estar mais altos no próximo mês em comparação ao mês anterior. De outro lado, 24,5% dos entrevistados declararam ter sofrido assalto no mês de março.

País da violência

10 terça-feira abr 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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Amazonas, corrupção, política, violência

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O Brasil, que já foi conhecido por ter um povo cordial, está a cada dia mais tomado pela violência que envolve não só aquela praticada pelos bandidos armados com fuzis e metralhadoras, seja no Rio de Janeiro ou em Manaus, mas também aquela do trânsito assassino que mata ou mutila milhares todos os anos. Essas duas são as que se mostram no dia a dia do país, outra, talvez com maiores danos à população é a violência do desvio dos recursos públicos para fins privados, com a interveniência de agentes públicos e que deixa sem recursos a saúde, a segurança, a educação, entre outros segmentos que deveriam ser a prioridade dos governos nos três níveis.

Diz o relatório 2017 do Atlas da Violência, com base em estatísticas de 2015, que foram assassinadas 59.080 pessoas no Brasil, naquele ano

A crônica policial está cada vez mais bizarra em Manaus, ao relatar ocorrências que se tornam frequentes, embora não se possa dizer que são banais. Assassinatos como o ocorrido no fim de semana, em Santa Luzia, Zona Sul, quando atiradores executaram dois homens que jogavam dominó, um dos quais, veio se saber depois, era o alvo e morreu no pronto-socorro, já o que morreu no local, ao que tudo indica, nada tinha a ver com o caso. Estava no local e no momento errados.

Outro caso ocorrido no fim de semana foi a invasão de um apartamento, depois metralhado por desconhecidos durante a madrugada no bairro Novo Aleixo, Zona Norte. Ali o alvo morreu na hora, mas a mulher e a filha, com cerca de um ano de idade, foram encaminhadas aos hospitais em estado grave. Se os alvos têm envolvimento com o tráfico de drogas, no fim das contas quem está próximo corre o mesmo risco e é aí que a população se torna vítima inocente de balas assassinas.

Diz o relatório 2017 do Atlas da Violência, com base em estatísticas de 2015, que foram assassinadas 59.080 pessoas naquele ano. É uma guerra sem quartel onde o cidadão se torna refém ao preferir ficar trancado em sua casa a sair à rua com todos os riscos que isso implica, seja ser vítima da violência dos bandidos, do trânsito ou de uma mais nova, com viés político, como o vereador que agrediu um homem durante manifestação contra a prisão do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo/SP.

O viés político desse tipo de violência também atingiu pelo menos sete jornalistas, agredidos durante esses eventos contrários ao cumprimento de uma medida judicial e chegou até Curitiba, onde uma jornalista amazonense que ali mora foi agredida quando trabalhava na cobertura da prisão do ex-presidente.

Se a violência explícita está nas ruas, a dissimulada, aquela surripia recursos públicos para atender os favoritos do poder, seja favorecendo organizações empresariais, agentes públicos ou magistrados, como ocorreu por aqui e foi objeto de matéria jornalística em um programa da Rede Globo no último domingo, é tão ou mais danosa que a violência explícita. A esta falta pôr em prática uma metodologia que possa parametrizar suas consequências para a sociedade. A dificuldade, como bem reconhecem os defensores do ex-presidente transformado em presidiário no último sábado, é que não existem as provas materiais para materializar os danos causados à população por essas práticas criminosas, que não vão passar recibo nunca.

Voltando à violência explícita, a que dispõe de dados estatísticos para pesquisas e estudos, é o caso de registrar, conforme o Mapa já referido, que o Amazonas, apresentou, entre 2005 e 2015, um crescimento superior 101% na taxa de homicídios por 100.000 habitantes. Entre 2014 e 2015, a expansão desses homicídios foi de 16,8%, enquanto entre 2010 e 2015, chegou a 20,3%.

Ao cidadão que paga impostos e mesmo assim não tem garantia de sair para o trabalho e voltar com vida, fica apenas a possibilidade de perguntar o quê, realmente, está sendo feito para garantir o direito à vida das pessoas, além dos discursos repetitivos transmitidos diariamente pelas autoridades.

Combate à violência tarda e falha

10 terça-feira out 2017

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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Amazonas, homicídio, segurança pública, violência

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Desafio é a palavra da hora para o governador Amazonino Mendes que, mal assumiu, já está catapultado a candidato ao 5º mandato à frente do Executivo do Amazonas, lançado, segundo dizem, pelo seu partido, o PDT.

O desafio da violência, que a sociedade amazonense enfrenta desde há muito, indica que o lado negro está ganhando e a sociedade é vítima com mortos, sequelados físicos e psicológicos, cujo contingente só aumenta

Enquanto o governador assume que já estava na rede a descansar das fadigas da vida pública, mas atendeu ao apelo do povo e resolveu arrumar a casa. O Negão, assim, já se declarou escravo do povo e diz que topou o desafio de reconstruir o Amazonas.

Trabalho não vai lhe faltar, principalmente na área de segurança onde, de um lado, empresários do transporte coletivo público contabilizam, entre janeiro e setembro deste ano, prejuízo de quase oitocentos mil reais em 2.900 assaltos praticados contra o sistema de transporte coletivo. Só em setembro, informam os empresários, os meliantes efetivaram 358 roubos a ônibus, com a média de 12 ações ilícitas por dia. Será que tem polícia nas ruas? E as câmaras de segurança, servem para quê, mesmo?

Outro levantamento, desta vez da própria Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), dá conta de que, no primeiro semestre deste ano os amigos do alheio deixaram a pé 5.316 pessoas que utilizam – ou utilizavam – motocicletas na capital. Diz a pesquisa da SSP/AM que isso dá a média de uma moto roubada ou furtada em menos de hora.

Mas a ausência de segurança no Amazonas também é certificada pelo Atlas da Violência, edição 2017. Por ali fica-se sabendo que, entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes subiu de 18,5 para 37,4. Isso significa uma expansão superior a 100% – exatos 101,7% – na taxa de assassinatos praticados no Estado do Amazonas.

Nesses dez anos essa taxa se apresentou em curva ascendente e atingiu 37,4 homicídios por 100 mil habitantes pela primeira vez em 2012, caindo para 31,3 em 2013, para voltar aos 37,4 em 2015. Grosso modo, pode-se afirmar que, apesar de a área de segurança pública ser beneficiária de cerca de 10% do orçamento estadual, algo como 1,5 bilhão de reais neste exercício, pouco ou quase nada está sendo feito para reduzir os níveis da violência no Amazonas, como bem refletiu, no primeiro dia de 2017, o massacre de detentos dentro de penitenciárias.

A explicação para a redução dos casos de homicídios observada em 2013 deve-se, possivelmente, à atuação do policiamento ostensivo efetivado, à época, pelo Ronda no Bairro, iniciativa que se perdeu, sumiu das ruas, dando lugar à bandidagem.

Os homicídios, no Amazonas, passaram de 599, em 2005, para 1.472 em 2015, informa o Atlas, ao registrar crescimento de 145,7% no período de dez anos. Tal fato coloca o Estado em quarto lugar no ranking das unidades federativas mais violentas do país, ficando atrás de Rio Grande do Norte, Sergipe e Maranhão, respectivamente.

Esses dados não contemplam outros tipos de violência tais quais agressão, tentativas de homicídios e lesões corporais, sem falar no trauma resultante a acompanhar e transformar a vida do cidadão ou cidadã em constante estado de medo e ansiedade.

O desafio da violência, que a sociedade amazonense enfrenta desde há muito, indica que o lado negro está ganhando e a sociedade é vítima com mortos, sequelados físicos e psicológicos, cujo contingente só aumenta. Já passa da hora de aplicar os recursos de forma a detonar os malfeitores e seus malfeitos, inclusive aqueles de colarinho encardido, porque se foi branco a corrupção já manchou.

Tiros da morte

03 terça-feira out 2017

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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arma de fogo, Brasil, desarmamento, Las Vegas, tiroteio, violência

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A segunda-feira, 2 de outubro, amanheceu com os noticiários dando conta de mais um ataque armado, em Las Vegas, Nevada, Estados Unidos, com pelo menos 58 mortos e mais de 500 pessoas feridas em ataque efetivado por um atirador contra espectadores de um show musical, ainda na noite do 1º de outubro, naquela cidade norte-americana.

É possível que tal fato leve, como tem acontecido depois desse tipo de evento nos Estados Unidos, à discussão sobre imposição de maior controle, por parte do Estado, acerca do controle na venda e porte de armas naquele país. No entanto, o direito à obtenção e porte de arma nos EUA são assegurados pela Constituição, o que já constitui um obstáculo a ser transposto, além do forte lobby da indústria de armas com atuação legal no congresso norte-americano.

No Brasil, o impeditivo legal deixa a população à mercê dos bandidos e todo ano a mortandade, informa o Atlas da Violência 2017, tira a vida de quase 60 mil brasileiros

Não é por outro motivo – a força dos lobistas da indústria de armas nos Estados Unidos – que o atual presidente norte-americano, Donald Trump até aceitou doações à sua campanha eleitoral dessa, literalmente, poderosa indústria.

No entanto, há fatos que merecem ser examinados à luz dos números, tanto os do Brasil quanto dos Estados Unidos. Aqui o cidadão de bem é praticamente impedido de comprar arma para se defender pelas normas legais que disciplinam o tema. Já a bandidagem se arma – com armas de fogo “da pesada” – para perpetrar toda espécie de agressão contra quem paga impostos até por saber, o cidadão-bandido, que não vai encontrar resistência do mesmo calibre. Ao cidadão-bandido não falta quem defenda os “direitos” e a bandidagem cresce a cada dia.

Para começar, conforme a entidade civil dos EUA, Gun Violence Archive, e mesmo dados do Federal Bureau of Investigation (FBI), a média de mortes (homicídios) com a utilização de armas de fogo nos Estados Unidos está na casa das 30 mil ocorrências por ano. Note-se que cerca de 88% dos norte-americanos são possuidores uma ou mais armas de fogo.

Será que o uso de arma tem poder de dissuasão por lá? Grosso modo, pode-se dizer que sim. Já no Brasil o impeditivo legal deixa a população à mercê dos bandidos e todo ano a mortandade, informa o Atlas da Violência 2017, tira a vida de quase 60 mil brasileiros. Em 2015 foram exatas 59.080 as mortes causadas por armas de fogo. Com a população desarmada, geralmente quem matou foram os bandidos e não os mocinhos.

Outro dado: Nos Estados Unidos, a média de homicídios perpetrados com uso de arma de fogo é de 4,5 por 100 mil habitantes. No Brasil, com as limitações à compra e ao porte de arma essa mesma estatística é de “apenas” 28,9 por 100 mil habitantes. Em outras palavras, por aqui, as ocorrências são mais de cinco vezes maiores que aquelas dos EUA.

O próprio Atlas da Violência 2017 traz uma constatação nada lisonjeira para o Brasil ao informar que todos os ataques terroristas ocorridos nos cinco primeiros meses de 2015 fizeram muito menos vítimas que os assassinatos com arma de fogo no Brasil. Os terroristas, em volta do mundo, mataram naquele período 498 pessoas, enquanto no Brasil foram 3.314 pessoas que perderam a vida graças à violência com uso de armas de fogo.

Cabe perguntar a quantas anda – se é que anda – a tramitação do projeto de lei nº 3.722/2012, que entre as medidas ali preconizadas prevê a revogação do tal Estatuto do Desarmamento. Com menos exigências para comprar arma e obter porte, quem sabe o brasileiro deixa de ser vítima da violência da bandidagem.

“Acabou a luz”

28 terça-feira mar 2017

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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energia, fiscalização, Manaus, transporte público, violência

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Como diria o parintinense Chico da Silva, “É preciso muito amor…”, no caso, por Manaus, que, com seus mais de dois milhões habitantes, distribui, às vezes equitativamente, mazelas urbanas para todos. Mas nem sempre.

Se as reiteradas paralisações do serviço de transporte público urbano, como a da última segunda-feira, 27, ocasionou prejuízo para cerca de 20 mil trabalhadores que perderam a hora e chegaram atrasados em seus trabalhos em função do “protesto” de outros trabalhadores – os rodoviários – que optaram por atrasar o serviço em uma hora para reivindicar, dizem, direito trabalhista, outras situações prejudicam toda a cidade e até municípios da região metropolitana.

É preciso muito amor para morar em Manaus nessas condições. Isto, sem falar na violência que caminha ao lado do cidadão

O caso do transporte coletivo é situação velha, onde duas classes – empregados e patrões – aparentemente pouco estão ligando para o serviço que deveriam prestar à população, embora tanto o governo municipal quanto o estadual – este até há pouco tempo – transferem receita para as empresas concessionária sem exigir o mínimo necessário de retorno, seja em colocar os ônibus nas ruas diariamente ou melhorar as condições dos veículos, volta e meia parados nas ruas por uma prosaica pane mecânica. Desleixo, ausência de manutenção ou falta de fiscalização? Vai ver que os três fatores aí se aglutinam em desserviço à comunidade, enquanto o preço da tarifa vai às alturas.

É preciso muito amor para morar em Manaus nessas condições. Isto, sem falar na violência que caminha ao lado do cidadão, seja pelas vias, dentro dos ônibus ou até em sua própria casa, “asilo inviolável”, assegura a Constituição Federal, regra jamais conhecida por meliantes, ladrões e assassinos que a invadem, roubam, assaltam, estupram sem que pouco ou quase nada seja feito para garantir a segurança do cidadão que paga impostos.

No rol dos problemas que acometem o manauara de forma, digamos, mais democrática, tem um que vem desde quando a iluminação passou a ser elétrica. Anunciada a contratação do serviço em 1893 pelo governador Eduardo Ribeiro, o diretor de Obras Pública, Armênio Figueiredo, via que em breve acabaria o vexame da iluminação por meio do óleo de nafta.

Em 1895, o mesmo governador anunciava que a iluminação pública utilizaria arcos voltaicos e a particular usaria lâmpadas incandescentes. Ao que tudo indica, já ali havia problema com a energia elétrica em Manaus, uma vez que as incandescentes são sucessoras das lâmpadas com arco voltaico.

Mas até a chegada da energia elétrica por aqui é polêmica. Enquanto Mário Ypiranga Monteiro assegura que a cidade foi a primeira no país a ter luz voltaica, o escritor Mavignier de Castro registra que Manaus foi a segunda cidade do Brasil a ter energia elétrica.

No fim do século XIX – 1898 – a cidade não dispunha de energia elétrica em bairros como Cachoeira Grande, Cachoeirinha e Mocó. A região central fora privilegiada.

Hoje, depois dos bilhões de reais para custear um gasoduto que deveria mudar a matriz energética do Amazonas e aliviar a demanda pela energia gerada em Balbina, além de outros bilhões para conectar Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN), Manaus e cidades da região metropolitana continuam a enfrentar a falta de energia, como aconteceu pelo menos três vezes na semana passada.

Prejuízos ao comércio, indústria, ao trabalhador, parecem não importar à autoridade (in)competente e muito menos aos agentes públicos incumbidos de fiscalizar o serviço. Enquanto isso, o personagem conhecido como contribuinte sofre, sofre e paga a fatura.

Cuidado, sua vida pode valer apenas 55 reais

31 sábado dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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Amazonas, assassinato, ônibus, Manaus, segurança pública, violência

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Manaus amanheceu, na segunda-feira, 14 de novembro, véspera de feriado e ponto facultativo no município e Governo do Estado, com boa parte da frota de ônibus que serve o transporte coletivo da cidade parada nas garagem. Desta vez, os trabalhadores não fizeram paralisação para reclamar reajuste salarial, pagamento de vantagens e benefícios ou qualquer outra reivindicação do gênero. O que eles pedem é bem mais simples: querem segurança para poder trabalhar.

Tem hora na qual reflexão sobre a pena de morte para determinados crimes, como esse tipo de barbaridade, viria bem a propósito no Brasil

Tudo porque, em Manaus, a vida das pessoas de bem, do contribuinte, do cidadão que trabalha, paga seus impostos deixou de ter valor faz tempo, pelo menos no que diz respeito ao aparato de segurança pública que pouco se vê nas ruas, embora com frequência a imprensa seja convidada para ouvir boas notícias como aquelas que dizem ter havido redução no índice de homicídios na capital.

Pode até ser, já que fazer um boletim de ocorrência, documento que alimenta as estatísticas de segurança (ou insegurança) pública, às vezes requer dose cavalar de paciência nas delegacias – que já foram distritos integrados – e nem sempre a vítima se dá ao trabalho de ir até uma dessas unidades para fazer o registro, por saber, de antemão, que nada vai acontecer, principalmente em casos de roubos e assaltos sem vítima fatal.

Mas voltando à ausência de ônibus na segunda-feira, deve-se registrar que os funcionários da empresa onde trabalhava o motorista Feitosa Amorim, assassinado por dois bandidos durante assalto na noite de domingo, momento no qual a cobradora do mesmo veículo foi ferida a facadas, resolveram protestar pedindo segurança para que possam fazer seu trabalho.

É realmente uma situação complicada a falta de segurança na cidade e não somente no que diz respeito aos trabalhadores e usuários do transporte coletivo. De acordo com o supervisor de tráfego da empresa onde as vítimas trabalhavam, seus veículos sofrem, em média, cinco a seis assaltos por dia. Não é pouca coisa e, dependendo da violência empregada pelos bandidos, há trabalhadores que preferem mudar de profissão tamanho é o trauma psicológico causado por esse tipo violência.

O casal de trabalhadores e os bandidos – que escaparam da morte nas mãos da população revoltada, salvos pela polícia – foram encaminhados a um pronto-socorro da zona Leste onde o motorista morreu.

Pois é, tem hora que uma reflexão sobre a pena de morte para determinados crimes, como esse tipo de barbaridade, viria bem a propósito: o produto do latrocínio foi de R$ 55, é quanto vale, para a bandidagem que toma conta de Manaus, a vida de uma pessoa.

Enquanto isso, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas informou, no último dia 10 de outubro, sobre a redução de 34% nos homicídios em Manaus, entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2015. Por outro lado, o Sinetram registrou que, desde janeiro deste ano, as dez empresas que fazem o transporte coletivo na cidade já sofreram 2.767 assaltos, contra 2.203 no mesmo período de 2015, com média de dez ocorrências por dia e prejuízo superior a R$ 800 mil.

É possível que haja essa redução, no entanto, os números do Mapa da Violência mostram que, no Amazonas, entre os anos de 2013, quando foram cometidos 692 assassinatos só com a utilização de arma de fogo, e 2014 – com 756 mortes da mesma natureza – houve crescimento dos homicídios. Como os bandidos não escolhem armas, como foi o caso do motorista de ônibus, “há mais mortes do que possa supor nossa vã filosofia”.

Por fim, é bom que pense em fazer mudanças drásticas no Estatuto do Desarmamento. A lei, de 2003, desarmou os cidadãos e esqueceu que a bandidagem não compra armas em lojas, aliás, o número de armas de uso exclusivo de forças de segurança que aparecem em atentados contra a vida dos brasileiros é outro escândalo. Falta uma operação similar à Lava Jato nesse setor.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 15/11/2016

Mortes no trânsito custam R$ 50 bilhões por ano

20 terça-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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Brasil, economia, jovem, morte, trânsito, violência

Enquanto a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal se preocupam com terroristas nacionais que poderiam, ou estariam fazendo preparativos para um possível ataque durante os jogos olímpicos Rio 2016, os brasileiros continuam morrendo nas ruas do país vitimadas pela violência, seja de bandidos ou do trânsito.

No ranking sobre as principais causas de morte organizado pelo Ministério da Saúde, com base em dados de 2013, as vítimas fatais que morrem no asfalto ocupam a 9ª posição, com 42.266 mortes naquele ano.

No entanto, a notícia pior é que, quando a análise dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) se volta para a faixa etária, em estudo divulgado no fim de julho, os acidentes de trânsito terrestres (ATTs) ficam em posição de destaque.

Usuários/condutores de motocicletas são 30% desta causa de óbito

No estudo, a faixa etária que vai de cinco a 14 anos, analisada quanto a causa de morte por ATTs, fica em segundo lugar com 13.632 mortes em 2013. A campeã, como não poderia deixar de ser, é a morte por agressão, com 30.213 óbitos. Fazem parte do ranking, nas três posições seguintes: outras causas externas, com 5.369, suicídios e internações indeterminadas, 4.885, além de neoplasias (tumores), 3.519.

Embora na faixa seguinte – entre 15 e 29 anos – as mortes por ATTs se mantenham na mesma posição – em 2º lugar, com 1.233 ocorrências -, a diferença para o primeiro colocado (1.243) é bem menor. No entanto, na análise entre os mais jovens, entre cinco e 14 anos, os óbitos por ATTs representam cerca de 24% das 57.213 mortes listadas entre as cinco principais causas.

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Os analistas do Ipea constataram que, quando há a implantação de legislação mais dura para reger o trânsito, no momento seguinte as mortes no asfalto se reduzem, como aconteceu em 1998, quando entrou em vigor o novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), lei 9.503/1997, assim como em 2008, quando a Lei Seca (lei nº 11.705), instituiu a tolerância zero com álcool ao volante. Na sequência, porém, a violência no trânsito volta a subir a patamar até superior ao anterior.

Do ponto de vista econômico, os pesquisadores do Ipea, em conjunto com os técnicos do Ministério da Saúde (MS), estimam que a sociedade brasileira perde cerca de R$ 50 bilhões por ano em virtude das mortes no trânsito em cidades e rodovias do país.

Ao catalogar as principais vítimas das mortes no trânsito e meios de locomoção utilizados, o estudo do Ipea informa que usuários/condutores de motocicletas são 30% desta causa de óbito. Em seguida vêm os ocupantes de automóveis, que formam 24% das mortes e, em terceiro lugar os pedestres, com 20%.

Ainda sob a análise econômica, o estudo do Ipea deixa claro que, quanto mais jovem a pessoa morre vítima da violência, maior é a perda para a sociedade. De acordo com o documento do Ipea, no Brasil, as mortes por acidentes de trânsito atingem a taxa de 21/100.000 habitantes, quando em outros países esse valor é bem menor. Como exemplo, o estudo cita que em países desenvolvidos essa taxa fica em 12/100.000 hab. e na Europa está na faixa dos 10/100.000 hab.

O Brasil, que agora se dá ao luxo de procurar terroristas nativos, não têm políticas para combater duas das principais causas de morte de seus cidadãos: a violência desenfreada da bandidagem, em grande parte derivada do tráfico de drogas, e as mortes no trânsito. As duas matam mais do que guerras pelo mundo afora.

 

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 26/07 e 4/08/2016

Bárbaros da civilização e a execução na Indonésia

20 terça-feira jan 2015

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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Brasil, droga, Indonésia, jovens, Marco Archer Moreira, pena de morte, violência

Quanto a nós, se fôssemos obrigados à opção, entre os bárbaros da civilização e os civilizados da barbárie, pronunciar-nos-íamos pelos bárbaros.

A epígrafe está registrada na obra de Victor Hugo, “Os Miseráveis”, e se refere à possibilidade de escolha entre o que ele descreve como homens risonhos, coberto de riquezas em suas mesas de mármore e que preferem manter a pena de morte, glorificando a guerra. Estes seriam os civilizados da barbárie contra os bárbaros da civilização, retratados por Hugo como os homens ferozes  que, na insurreição de 1832, buscavam seus direitos mesmo com o uso do terror, mas queriam, diz o autor francês, forçar o ser humano a entrar no paraíso.

Em algum grau as palavras de Hugo podem ser aplicadas aos acontecimentos que envolveram o brasileiro filho de família do Amazonas, Marco Archer, que tentou entrar na Indonésia com 13 quilos de cocaína e findou por ser executado no último sábado, quando foi fuzilado.

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Ao lado da comoção da família, obviamente legítima, compreendida e aceita por todos, é de se registrar os esforços que o governo brasileiro fez, ao longo de todo o processo que durou mais de 12 anos, com apelos de clemência feitos não somente pela presidente Dilma Rousseff, assim como pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que não foram levados em consideração pelas autoridades da Indonésia.

A execução de Marco Archer levou o tema às redes sociais no fim de semana e não foram poucos os internautas que acataram a aplicação da pena morte àquele que se tornou o primeiro brasileiro a sofrer esta pena em outro país.

Se muita gente lamenta a morte e o modo cruel como esta pena foi aplicada ao carioca de 53 anos, é de se dizer, no entanto, que no Brasil ainda existe a possibilidade de pena de morte, prevista na Constituição Federal. Por ali, tal instituto só deve existir em caso de guerra.

Entre os crimes passíveis de seus agentes serem condenados à pena de morte, também por fuzilamento, está a deserção, a covardia e atos de genocídio. De outro lado, o Brasil vive uma guerra, diariamente, tantos são os mortos vítimas da violência, boa parte justamente por confrontos e execução de pessoas envolvidas com drogas, assassinadas por traficantes, como era o caso de Marco Archer.

No entanto, a sensibilidade que o caso Marco Archer suscitou no governo brasileiro não tem comparação com sua ausência ante a violência que, no Brasil, matou 56 mil pessoas em 2012, dos quais pelo menos 30 mil são jovens e, destes, cerca de nove mil são negros, de acordo com informações divulgadas pela Anistia Internacional (AI).

Em outras palavras, as vítimas da violência brasileira, a maior parte decorrente do tráfico de drogas, caracteriza, pela sua quantidade e faixa etária, como baixas de uma guerra. Quando se constata que entre os jovens, cerca de 9 mil dos assassinados em 2012 são negros, pode-se dizer que está em andamento um genocídio.

Outro dado alarmante é o de que, conforme a AI, apenas 5% a 8% dos casos de homicídios chegam a se transformar em um processo criminal e demonstra a impunidade vigente no Brasil a favor de quem mata.

Outro brasileiro deve ser executado na Indonésia em fevereiro. É Rodrigo Muxfeldt Gularte e, por aqui, nos primeiros dois meses de 2015, mantida a taxa média de homicídio de 2012, devem ser assassinadas mais 4,6 mil pessoas, sem que se saiba se seus algozes são os bárbaros da civilização ou civilizados da barbárie.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 20/01/2015

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