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Indústria 4.0 sem ambiente no Brasil

15 sábado abr 2017

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Amazonas, economia, indústria, Tecnologia, zona franca

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O Brasil, que, de acordo com Fernando Henrique Cardoso, perdeu o bonde da história com o retrocesso causado pelos governos petistas nos últimos anos, também não está preparado para mais um salto de qualidade no setor industrial com a adoção de tecnologias de ponta já disponíveis em ambientes do primeiro mundo, onde a Indústria 4.0 está em implantação e dominando mercados.

Esse contingente que desconhece o status das aplicações de tecnologias digitais em seu ramo de negócios é bem maior entre as pequenas empresas: 57%

Em levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em abril de 2016 fica clara a ausência das condições necessárias para que a indústria nacional possa usufruir dos novos paradigmas desenvolvidos para a cadeia produtiva no conceito de Indústria 4.0, incluindo nichos de novos negócios. Em outras palavras, a guinada para baixo na economia nacional, se não inviabilizou a entrada dessas tecnologias, no mínimo, jogou-as para um futuro mais distante.

De acordo com o estudo da CNI – Sondagem Especial Indústria 4.0 – menos da metade das indústrias consultadas – 48% – utiliza pelo menos uma das dez tecnologias digitais consideradas essenciais pela pesquisa para ampliar a digitalização no país.

A par dessa constatação, o trabalho também considera que o foco na produtividade dado pelas organizações industriais brasileiras é positivo, ao mesmo tempo, diz o estudo, é insuficiente pois “limita o desenvolvimento da cadeia produtiva”. Tal situação, mesmo natural, deveria ser substituída, conforme o trabalho da CNI, por maior esforço na digitalização por parte da indústria nacional.

No momento em que reconhece a barreira imposta pelo alto custo de implantação das novas tecnologias, conforme alega boa parte da indústria brasileira, a CNI prega maior acesso à informação e à identificação de parceiros para reduzir a incerteza e mudar a cultura no ambiente das organizações, assim como baixar o custo com a implantação por etapas dos conceitos e tecnologias voltados para a Indústria 4.0.

É sintomática a advertência feita no estudo da CNI, ao registrar que “as empresas que não adotarem as tecnologias digitais terão muita dificuldade de se manter competitivas e, consequentemente, no mercado”. O recado é claro: não há saída para obter competitividade e mercado sem se inserir, ou ampliar substancialmente, a utilização de tecnologias digitais.

No âmbito mais geral, Scitovsky assegura ser tarefa da economia estudar a organização econômica, avaliar sua eficiência e equidade e sugerir meios e processos pelos quais as reais imperfeições possam ser diminuídas ou eliminadas. Logo, o momento de inflexão já está em andamento.

Voltando à Sondagem da CNI, pode-se dizer que o mapa ali rascunhado não é animador ao registrar, por exemplo, que no universo de organizações consultadas, 43% não conseguiram identificar, em uma lista de 10 opções, as tecnologias digitais com potencial para ampliar sua competitividade.

Esse contingente que desconhece o status das aplicações de tecnologias digitais em seu ramo de negócios é bem maior entre as pequenas empresas: 57%.  Já no universo das grandes organizações, o contingente das que desconhecem aquelas 10 tecnologias cai para 32%. Portanto, mesmo aí, onde está a elite da indústria nacional, cerca de um terço ignora o impacto da digitalização no seu negócio.

Se o diagnóstico obtido pela pesquisa da CNI for transportado para o Amazonas, onde os segmentos de eletroeletrônicos e bens de informática são responsáveis por 46% do faturamento da indústria incentivada da Zona Franca de Manaus (ZFM), além de garantir mais de 37% da mão de obra – exceto terceirizada e temporária – a ausência de conhecimento sobre as novas tecnologias e sua aplicação pode ser mais um motivo de preocupação.

 

Publicação na edição de janeiro/2017, da revista PIM Amazônia

Quarta revolução industrial é agora

04 quarta-feira jan 2017

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Apple, economia, Google, indústria 4.0, revolução, robótica, Tecnologia, Tesla

 

Quando, em 1988, o pesquisador Mário Tomelin escreveu o livro “O quaternário seu espaço e poder”, não se falava, ainda, sobre o que viria a ser a revolução Indústria 4.0. Este conceito só viria a aparecer em 2011. No entanto, é necessário que se faça o registro do que foi a pesquisa efetivada por Tomelin, que pode ser chamado de precursor, pelo menos conceitual, da Indústria 4.0.

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Na visão de Tomelin, o mundo iniciava àquela época, um salto tecnológico que levaria a humanidade a mudar paradigmas no que diz respeito ao desempenho da indústria e nos acréscimos de produtividade.

Em 2011, foi cunhado um outro termo para qualificar expectativas bem próximas daquelas propaladas por Tomelin, durante a realização da Hannover Fair

Assim, deve-se levar em conta o fato de que, a primeira revolução industrial acrescentou produtividade ao colocar como fator de produção a máquina a vapor.

A segunda revolução industrial chegou no bojo da energia elétrica e, a partir de então, as conquistas na produção de bens de consumo e do próprio conforto da humanidade não puderam prescindir da energia elétrica.

Na terceira revolução industrial, com a invenção das válvulas eletrônicas, sucedidas logo depois pelo transístor e pelo solid state, entregou ao homem o poder de cálculo e a velocidade de processamento dos computadores.

Passados quase 30 anos desde o lançamento do livro “Quaternário”, as expectativas de Tomelin não se concretizaram, pelo menos da forma como ele pensava que ocorreria. Mas a indústria e a sociedade obtiveram grande avanço tecnológico e poder de inovação.

“Do setor quaternário, definido como o setor de concepção, pode-se esperar, no século 21, todo o dinamismo e todas as transformações que ainda não se realizaram no século 20,” afirmava Tomelin.

Todavia, em 2011, foi cunhado um outro termo para qualificar expectativas bem próximas daquelas propaladas por Tomelin, durante a realização da Hannover Fair, quando pela primeira vez a expressão “smart factories” trouxe a público uma nova tendência a ser seguida pela indústria, a qual, de forma relacional viria a articular sistemas virtuais e físicos, combinados em rede.

É só em 2016, na obra “The Fourth Industrial Revolution” que Klaus Schwab reconhece que as corporações e a própria sociedade, pelo menos nos países desenvolvidos, já vivem a quarta revolução industrial, digital, com a implementação das metodologias, conceitos e técnicas – envolvendo os meios virtual e físico – que propiciam maior produtividade, entre outros benefícios, na Indústria 4.0.

Desenvolvidas durante a terceira revolução industrial, internet, softwares e hardwares foram aperfeiçoados, inovados e são, hoje, aplicados de maneira massiva como a internet móvel, inteligência artificial, automação, com as “machine learning”, capazes de se autoprogramar, entre outras ações que deixam de depender da intervenção humana.

No entanto, se de um lado as inovações da Indústria 4.0 trazem ganhos de produtividade, melhoria na individualização – customização – de produtos, tornando-os mais próximos das necessidades dos consumidores e oferecendo algo a mais para torná-lo passível de obter preço diferenciado a favor do fabricante, de outro lado, porém, existe o temor que as mudanças sempre trazem.

Neste caso, os arautos dos malefícios temem a redução do número de postos de trabalho com a automação trazendo mais robôs para as instalações fabris. Não é à toa, por exemplo, que a indústria automobilística esteja de olho nos avanços de veículos movidos a energia elétrica, como os modelos da Tesla, Apple e Google. Empresas que preferem inovar produzindo um computador sobre rodas o qual deve prescindir até de condutor.

Esses avanços, que envolvem plataformas de inteligência artificial, armazenamento em nuvem e sensores pequenos e potentes, também ameaçam atividades como as dos profissionais de contabilidade, advocacia e até a indústria de seguros, quando se pensa, neste caso, que o número de acidentes envolvendo automóveis pode cair de forma acentuada com os humanos – álcool, drogas – fora da direção de seus veículos.

Publicação na edição de novembro/2016 da revista PIM Amazônia

Recuperação à vista, mas cuidado

27 terça-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Brasil, CNI, desempenho, economia, gastos do governo, IBGE, indústria

As análises econômicas relativas ao fechamento do primeiro semestre de 2016 começam a mostrar mudanças nas expectativas dos agentes econômicos à vista dos números que têm sido divulgados, tanto pelo governo, quanto por entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e que dão indicações de melhorias no desempenho da atividade econômica, mesmo que de forma incipiente e ainda sem que essas mudanças possam ser consideradas como tendências a se consolidar a partir do segundo semestre.

Mais relevante ainda é que esse desempenho do mês de junho, agregado aos dos outros três meses anteriores, consolida ganhos positivos da ordem de 3,5% na produção industrial pelo país afora

É importante registrar, por exemplo, que a pesquisa sobre a produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao mês de junho, já dá alguma destas pistas. Pelo estudo do IBGE, a produção industrial teve expansão de 1,1% na comparação com o desempenho do mês anterior, obviamente que não é um crescimento dos mais expressivos, mas quando se tem em mente que esta expansão é a quarta consecutiva contabilizada pelo instituto, o fato se torna relevante por implicar que a manutenção do crescimento, mesmo em pequena escala, pode se tornar tendência e deixar para trás o ambiente recessivo que o país tem vivido até agora.

Mais relevante ainda é que esse desempenho do mês de junho, agregado aos dos outros três meses anteriores, consolida ganhos positivos da ordem de 3,5% na produção industrial pelo país afora, embora não se possa deixar de lado que, mesmo assim, com esses resultados positivos nos últimos meses, a comparação com o mesmo período de 2015 registra perdas de produção de 6%. Como os ganhos ainda não deram para contrabalançar as perdas registradas na produção industrial, de acordo com o IBGE, o 2º trimestre de 2016 fechou com saldo negativo de 6,7%, enquanto o acumulado no primeiro semestre deste ano foi de -9,1%, ambos no comparativo com igual período de 2015.

Porém, se os números relativos ao desempenho do setor privado começam a dar sinais de recuperação e, neste caso, a indústria, o mesmo não pode ser dito em relação às medidas necessárias ao desengessamento da economia envolvendo o setor público. Por ali, ao contrário dos discursos de boa vontade no sentido de implementar mecanismos que deem maior transparência e controle aos gastos do governo, o que se vê é a contemporização do governo interino com o aumento dos dispêndios, principalmente aqueles voltados para o custeio do funcionalismo.

Dados do Ministério da Fazenda informam que, no período de 2012 a 2015, os gastos do governo federal com os quadros de servidores tiveram aumento de 36%, enquanto as demais despesas da administração pública cresceram, no mesmo período de quatro anos, mais 32%. O mais relevante nisto tudo é que, onde os recursos deveriam ter aportado em maior volume, por gerar a estrutura necessária ao crescimento econômico, isto não aconteceu. Assim, no que diz respeito aos investimentos da alçada do governo, os recursos decresceram 7% naqueles quatro anos.

Mas se o governo não faz sua parte, também existe aquela parcela de empresas que procuram o “jeitinho brasileiro” com a finalidade de reduzir seus custos, como atrasar o recolhimento de tributos e depois negociar o pagamento, obviamente com um bom desconto a favor de seus caixas e perdas de arrecadação aos cofres públicos que, com programas como o de recuperação fiscal, parcelamento especial e excepcional, além do Programa de Recuperação Fiscal da Crise, desde os anos 2000, deram um substancial acréscimo na arrecadação, mas, em contrapartida, incentivam o mau pagador e apenam quem paga seus compromissos com o fisco em dia.

A não ser que o governo mude realmente de postura, após a definição do impeachment de Dilma Rousseff, a recuperação vai ficar mais longe, mesmo estando quase à vista, como indicam os números da conjuntura econômica.

Publicado na edição de julho/2016 da revista PIM Amazônia

 

Otimismo & companhia limitada

27 terça-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Abraciclo, Brasil, desconstrução, economia, investimentos, petista, preços

A desconstrução do país pelo último governo petista deixou um rastro de quase 12 milhões desempregados, o setor industrial está com grande parte de sua capacidade instalada ociosa, assim como Estados e municípios continuam sem recursos para garantir algum bem-estar à população, mas o desenlace finalmente aconteceu no último dia 31 de agosto, que marcou o fim da gestão do partido que tinha no 13 seu número de registro na Justiça Eleitoral.

Quanto a novos investimentos a serem feitos no país, o indicador Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) detectou, após 30 meses de taxas negativas, a evolução positiva de 0,4%

O impasse que paralisou o Brasil afugentou investidores nacionais e estrangeiros, detonou o grau de investimento conquistado a duras penas durante a administração Lula e, finalmente, terminou com o impeachment de Dilma Rousseff na última quarta-feira de agosto, que também vai passar para história como o dia em que o país teve três presidentes em 24 horas: a presidente destituída, o interino que assumiu e logo em seguida embarcou para a China e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que assumiu o cargo na ausência de Michel Miguel Temer.

As boas notícias começam em agosto, que apesar da fama de mau agouro que o acompanha, até que não esteve tão ruim. Para começar pode-se registrar números da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) que informaram crescimento de 23% na produção de motocicletas em relação ao mês de julho. A parte ruim é que, em julho, houve concessão de férias coletivas no segmento.

Mesmo assim, a própria Abraciclo registrou, no decorrer de 2016, o expressivo crescimento de 9% na exportação de veículos de duas rodas. Até agosto, o volume de vendas ao exterior beirava as 40 mil unidades. Com esforços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), incluindo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a tendência é ampliar ainda mais a comercialização de motocicletas no mercado externo.

Quanto aos preços, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou, no oitavo mês de 2016, ligeira queda na apuração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), quando esse indicador da inflação foi de 0,44%. Em julho, o IPCA chegou a 0,52%. Enquanto o acumulado do ano é de 5,42%, mas em 12 meses a inflação medida pelo IBGE está muito acima do teto das metas perseguidas pelo Banco Central, pois atinge a marca de 8,97%.

Do ponto de vista de novos investimentos a serem feitos no país, o indicador Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) detectou, após 30 meses de taxas negativas, a evolução positiva de 0,4% no segundo trimestre de 2016, na comparação com o período encerrado em março.

Baixa na inflação, expansão nos investimentos. Embora não se possa dizer que já sejam uma tendência consolidada, indicam a disposição dos investidores de aplicar recursos na economia real. Essa expectativa também é endossada pela permanência da taxa Selic no mesmo patamar de 14,25% a.a., embora os analistas vejam como muito grande a possibilidade de que a taxa básica de juros venha a cair no futuro próximo.

No entanto, nem só de boas notícias vive o mercado. A greve deflagrada pelos auditores fiscais da Receita Federal, que querem aumentos salariais, deixa mais de 3 mil contêineres estacionados nos portos da capital do Amazonas, enquanto o Polo Industrial de Manaus (PIM) pode parar, caso os auditores da Receita Federal continuem seu movimento.

O paradoxo do movimento paredista dos fiscais da Receita Federal é que seus porta-vozes alegam que estão apenas fazendo verificações rigorosas para poder liberar as mercadorias. Fica a dúvida: normalmente as vistorias são superficiais, então?

Mas, entre greves mal explicadas e expectativas positivas, pelo menos o país parece começar a andar novamente e, por aqui, a aprovação pelo Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam), de pauta com 34 projetos industriais estimados em R$ 3,2 bilhões, no dia 1º de setembro, dá o tom do otimismo que começa a voltar ao mercado.

Publicado na edição de agosto/2016 da revista PIM Amazônia

Maior PIB do Norte, Amazonas extermina mais de 30 mil vagas

07 quarta-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Amazonas, Brasil, crise, IBGE, PIB, renda per capita, suframa

O último estudo das Contas Regionais, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na sexta-feira, 20, e que analisa dados regionais do período de 2010 a 2013, traz boas notícias para o Estado Amazonas que ali aparece como terceira unidade da federação que mais cresceu no período.

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Conforme o Contas Regionais, apenas o Amapá, cujo produto interno bruto (PIB) cresceu 18,3%, e o Mato Grosso, com expansão na geração de riquezas em 21,9%, no ano de 2013, ficaram à frente do Amazonas em relação ao desempenho do PIB, que aqui cresceu 17,3% no período.

A maior renda per capita da região Norte fica com o Amazonas, que, de acordo com o estudo do IBGE, em 2013 foi de R$ 21.873,65

No geral, a média do Brasil foi de 9,1% e o estudo do IBGE elenca, além dos três Estados já citados, mais 15 entes federativos que tiveram desempenho acima dessa média em relação ao PIB de 2013.

Os Estados de Minas Gerais, que têm participação de 9,2% no PIB brasileiro, Rio de Janeiro, com 11,8% e São Paulo com 32,1%, concentram 53,1% da riqueza nacional medida pelo estudo do IBGE, onde o Amazonas aparece com participação de 1,6%, mas aqueles Estados tiveram desempenho abaixo da média nacional.

Com PIB de R$ 292,34 bilhões em 2013, a geração de riqueza na região Norte se expandiu 3% e a renda per capita ficou situada em R$ 17.213,30. Dos sete Estados localizados no Norte, apenas três tiveram desempenho abaixo dessa média: Acre, Pará e Tocantins.

No caso do Pará, detentor do maior PIB da região, no montante de R$ 120,95 bilhões, é o 6º colocado, entre os sete Estados, na renda per capita que é de R$ 15.176,18. Nesse item, o Pará só fica atrás do Estado do Acre, onde a renda per capita é de R$ 14.733,50.

A maior renda per capita da região Norte fica com o Amazonas, que, de acordo com o estudo do IBGE, em 2013 foi de R$ 21.873,65. O segundo colocado é o Estado de Roraima, no montante de R$ 18.495,80. No entanto, a média brasileira da renda per capita é de R$ 26.445,72, logo, todos os sete Estados da região Norte têm desempenho abaixo desse valor. O PIB do Brasil, conforme o IBGE, é de R$ 5,32 trilhões.

Se na região, o Amazonas está razoavelmente bem situado, logo se vê que falta muito para que o Estado atinja o nível da média brasileira em termos de renda per capita, o que não está muito fácil na atual conjuntura de recessão, fato corroborado pelos números divulgados, também na sexta-feira, 20, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Os números do Caged dão conta de que, nos últimos 12 meses fechado em outubro de 2015, o número de empregos eliminados no Amazonas atinge a cifra de 30.490. É quase um terço da mão de obra do Polo Industrial de Manaus (PIM). Só no período de janeiro a outubro deste ano, 24.974 postos foram eliminados, uma queda de  5,32%.

Os dados apurados pelo Caged no mês de outubro informam que a poda de vagas continua a acontecer. Naquele mês foram cortados 3.769 postos de trabalho, dos quais 2.147 no setor da indústria de transformação, o equivalente a 54% do total de vagas exterminadas no referido mês.

Para se ter uma ideia do tamanho do extermínio de postos de trabalho no Amazonas neste ano, basta saber que, em outubro de 2014, ainda conforme o Caged, a eliminação de vagas foi de 862 postos de trabalho.

Além da indústria, os outros setores mais afetados pelas consequências da crise que o país atravessa no momento foram a construção civil – perdeu 721 postos de trabalho – e serviços, com extermínio de 588 postos em outubro de 2015.

Como se vê, o fluxo de más notícias está longe de terminar, inclusive com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de declarar ilegal a taxa de serviços administrativos cobrados pela Suframa. Se estava ruim, a tendência é piorar.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 24/11/2015

 

Uma titular para problemas da Suframa

07 quarta-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Amazonas, crise, economia, nomeação, PPB, problemas, PT, Rebecca Garcia, suframa, zona franca

A ex-deputada Rebecca Garcia viajou, na segunda-feira, 26, para Brasília, onde deve cumprir compromissos já agendados antes de sair sua nomeação para a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Mesmo assim, a ex-deputada deve fazer contatos com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), ao qual a Suframa está vinculada.

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É possível que os dois mandatos de Rebecca Martins Garcia como deputada federal lhe abram algumas portas não só no Mdic, assim como em outras instâncias para as quais possa encaminhar as numerosas demandas que seu novo cargo lhe vai dar.

Com a nomeação de titular da Suframa publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 26, Rebecca já alinhavou pelo menos três prioridades para sua gestão à frente da agência de desenvolvimento regional, nenhuma delas, no entanto, é coisa nova, pelo contrário, são situações que prejudicam investidores do Polo Industrial de Manaus há muitos anos sem que se tenha solução.

O primeiro problema é a questão da remuneração dos servidores da Suframa, cozinhado em banho-maria desde a gestão de Lula e vetado pela presidente Dilma Rousseff na última tentativa de equalizar a questão salarial dentro do próprio Mdic, onde o quadro da Suframa é o de menor remuneração.

A outra situação a exigir atenção prioritária é o desengavetamento dos processos produtivos básicos (PPBs), cuja responsabilidade de aprovar fica em Brasília e pouco pode ser feito, na própria Suframa, para agilizar aqueles já encaminhados e sem resposta pelos ministérios que os aprovam e homologam.

A nova superintendente também já se dispôs buscar os meios para recuperar a infraestrutura do Distrito Industrial de Manaus, com ênfase, é de se esperar,  na recuperação das vias de circulação daquela região da cidade. Os buracos – e mondrongos -, como ela mesma já reconheceu, fazem até vergonha quando se leva um investidor para visitar o Distrito Industrial. Isso, sem falar da ausência de ligação rodoviária com os centros consumidores, apesar de a BR-319 estar sendo usada de forma precária no transporte de passageiros há cerca de três semanas.

O que não vai faltar à titular da Suframa são problemas e talvez aquele que vai fazê-la suar mais para resolver seja a liberação da Taxa de Serviços Administrativos (TSA), recursos captados das indústrias incentivadas do PIM, mas cuja aplicação não acontece na região, uma vez que o governo federal utiliza o contingenciamento destes recursos para gerar superávit primário, apesar de as contas daquela esfera governamental estarem furadas em muitos bilhões já há bastante tempo. Conforme observadores, haveria pelo menos R$ 1 bilhão contingenciado sem que a autarquia possa usar essa verba.

Se a crise, produto da má gestão federal, detonou a economia do país, uma outra ponta a ser atacada é a manutenção do emprego nas indústrias incentivadas, as quais, em decorrência da recessão, têm demitido de acordo com suas necessidades específicas, isto é, a preocupação social com o trabalhador é mínima nessa conjuntura.

Se os empregos estão sendo podados nas bancadas das indústrias de Manaus, uma das causas pode ser a busca por produtividade com o acirramento da inflação no país, acompanhado da valorização do dólar a levar o investidor a buscar formas de ganhar produtividade com a aquisição de insumos no exterior, o que vai impactar diretamente na indústria de componentes instalada no PIM.

Só para lembrar, não podem ser esquecidos fatores que impactam na atividade da Suframa como a necessidade de um concurso para adequar o quadro funcional às demandas, as alternativas tecnológicas que poderiam ser abertas à região por meio do Centro de Biotecnologia da Amazônia e o CT-PIM, entre outros.

Por fim, cabe perguntar à nova superintendente se o Distrito Agropecuário da Suframa vai ter alguma atenção ou se será dada outra solução àquela iniciativa que sempre foi o patinho feio na área de atuação da autarquia.

No mais, é desejar sucesso à nova titular da Suframa.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 27/10/2015

Durante pedalada, Dilma vira salvadora de ciclista

07 quarta-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Brasil, CPMF, crise, Dilma Rouseff, economia, pedalada

A presidente Dilma Rousseff fez uma boa ação nesta quarta-feira, durante sua pedalada matinal. Ao ver um ciclista ferido, que momentos antes atropelara um cachorro, ela resolveu esperar pelo socorro do Samu ao lado do ciclista. Muito legal.

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A presidente está de visual mais enxuto, magra e, quem sabe, até mais elegante com sua silhueta mais esbelta. Ponto para a presidente que, de repente, viu no esporte a maneira de baixar o estresse, ao mesmo tempo em que malha o corpo.

O Brasil, que ela administra, poderia, também, estar com a silhueta mais afilada, caso a presidente tivesse assumido a postura proativa de ouvir economistas e mesmos alguns, poucos, diga-se, assessores que tiveram a ousadia de lhe mostrar o buraco para o qual o Brasil estava sendo empurrado com a política econômica que privilegiou o consumo e o gasto público sem freio.

O ciclista ferido que ela encontrou na rua nesta quarta-feira, lá atrás, poderia ter sido o Brasil, ferido também por pedaladas que, dizem os técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), foram aplicadas para mostrar um balanço azul quando o buraco já era bem maior que R$ 30 bilhões.

O país já teve um presidente-atleta que não aguentou o rojão dos caras-pintadas e foi apeado do poder lá pelos anos 1990. Também foi vítima de uma tal CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira -, que de tão provisória, durou 10 anos e só acabou quando o Congresso Nacional assim resolveu.

Criticadíssima pelo então candidato a ser presidente da República, Lula da Silva, agora o mesmo expediente de buscar no bolso do contribuinte a grana para pagar o rombo do populismo lulo-petista está sendo aplicado pela presidente Dilma, embora seus ministros avisem que, dessa vez, só vai durar 4 anos. Mas a mordida, alega outro ministro do governo petista, é pequena, bem miudinha, a população, que segundo esse tal ministro, está preparada para pagar o tributo, nem vai sentir, afirma.

O que ninguém na equipe econômica ou qualquer outra do governo Dilma diz é que essa mordidinha é um tributo em cascata, que se acumula ao longo da cadeia de produção ou de serviço e vai onerar todos os consumidores, já que as empresas têm mecanismos para repassar a tal mordidinha para os preços de seus produtos ou serviços.

Enquanto a população amarga os juros que devem estar entre os mais altos do mundo, vê seu poder de compra cair sob o embalo da inflação que se encaminha para os dois dígitos, a presidente rouba a cena para aparecer como a salvadora… do ciclista.

Pobre Brasil e brasileiros.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 16/09/2015

Mato queimado com demãos de cal

07 quarta-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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Abin, Dilma Rousseff, eleição, mentira, PT

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Quase acredito no discurso da presidente Dilma Rousseff lá no interior do Ceará, em Caucaia, para ser mais exato. O local parece ter sido escolhido a dedo pela assessoria presidencial, a qual, agora já se sabe, também parece querer ver a presidente de costas.

O município cearense onde a presidente resolveu se pronunciar à nação e avisar que o país vai vencer a crise “sem um nadinha de ódio e de amargura” tem 1.227 quilômetros quadrados e nasceu, oficialmente, em 1759. Dilma Rousseff ganhou aplausos por lá: foi inaugurar um conjunto habitacional para o município da região metropolitana de Fortaleza que tem cerca de 350 mil habitantes.

Vivemos tempos nos quais o respeito fugiu não se sabe para onde e, aquele gesto de antigamente, do filho pedindo a bênção do pai ou da mãe se perdeu também

Mas, voltando à assessoria que parece querer ver Dilma fora do Planalto e sem nenhuma reserva contra o município cearense, vejamos a palavra Caucaia. Será que houve um desejo implícito para que a presidente caia fora do Palácio do Planalto? Além disso, tem a sílaba inicial do nome: cau, logo vira cal. Quer dizer, cai fora e passa uma demão de cal nisso tudo? Pois é, com tanta coisa ruim nesse governo, teriam que ser várias demãos de cal…Porém, Caucaia, em língua indígena, quer dizer mato queimado, ou simplesmente, queimado. Faz sentido.

Por outro lado, para quem acha que exagero ao dizer que a assessoria presidencial não quer saber da presidente, basta assistir o vídeo da cerimônia no Palácio do Planalto, na quinta-feira, 27, quando, após ser anunciada pelo cerimonial da casa, Dilma Rousseff foi barrada por um dos integrantes da equipe que organizava o evento. Ninguém teve cerimônia com a “presidenta”: foi barrada em sua casa e nem era “aquela” festa.

Vivemos tempos nos quais o respeito fugiu não se sabe para onde e, aquele gesto de antigamente, do filho pedindo a bênção do pai ou da mãe se perdeu também. A presidente, bem ou mal, é a presidente do Brasil, e nem assim ficou isenta de ser barrada por um auxiliar. Como diria seu mentor e conselheiro, Luiz Inácio Lula da Silva, “nunca antes na história deste país…” E, nesse caso, não seria o desconhecimento da história do país.

Ao contrário do que pensa a escritora Lya Luft, para quem o país se repete e os fatos criam uma sensação de déjà vu, de terem sido vistos em outra ocasião, o Brasil não se repete, não tanto. Por exemplo, até a semana passada, era pouco provável que o ex-presidente Lula da Silva, supostamente garoto-propaganda de uma das empreiteiras mais enroladas na operação Lava-Jato, fosse constrangido a depor.

Mas, pelo que informa a revista semanal do grupo empresarial Globo, o ex-presidente pode estar, em alguma instância, envolvido em tráfico de influência internacional. E aí, de novo, o refrão criado pelo próprio, tem toda razão de ser utilizado, uma vez que “nunca antes na história deste país” tal fato aconteceu.

No entanto, retomando pronunciamentos presidenciais feitos na semana passada, se a escritora Lya Luft se engana quanto à sensação de déjà vu, a presidente se entregou ao dizer que, durante a campanha eleitoral de 2014 não havia como saber que a crise seria tão forte no Brasil.

Fica no ar questão das mais complexas: por que a presidente não sabia? Afinal, pelo menos uma fonte antecipou tudo que está acontecendo no país.  Relatório da empresa Empiricus, intitulado “O Fim do Brasil” e assinado por Felipe Miranda, dava conta da situação e mostrava perspectivas pessimistas sobre a economia brasileira.Afinal, Aécio Neves cantou a pedra durante toda a campanha eleitoral e foi demonizado pela presidente.

A questão complexa que fica pendente é: Para que serve a Agência Brasileira de Inteligência (Abin)?

Pelo que diz a presidente, que não mente, nunca, jamais mentiu, a tal agência deve ser mais um órgão devidamente aparelhado por camaradas.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 01/09/2015

Delinquência institucionalizada

05 segunda-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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celso mello, corrupçãp, lava-jato, Lula, Petrobras, TCU

A cada etapa da operação Lava-Jato, mais sujeira é descoberta sob os tapetes daquela que já foi a mais importante empresa do país, mas que, ao ser aparelhada para outros fins que não o de seus objetivos sociais, perdeu valor de mercado, competitividade, além dos bilhões de dólares que foram parar em bolsos de políticos e empresários de caráter, no mínimo, duvidoso.
Dessa vez a sujeira vem a público a partir de procedimentos do Tribunal de Contas da União (TCU) que descobriu ser sistêmica a prática de sobrepreços na Petrobras a partir de 2007, quando o TCU começou a monitorar contratos daquela companhia.

Se a delinquência está (ou esteve) institucionalizada na Petrobras, é preocupante. Porém, existem outras situações sobre as quais pouco ou nada se fala sobre a gestão

O caso mais marcante, até agora, é o da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, em parte do contrato de R$ 3,8 bilhões. As irregularidades encontradas pelo TCU o levaram a recomendar, ao Congresso Nacional, que suspendesse a obra em 2010.
No entanto, o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva mandou continuar a construção da refinaria.
Naquele ano de 2010, até 31 de março, o ministro das Minas e Energia, ao qual a Petrobras está subordinada, era o senador Edison Lobão. Na mesma data, Lobão entregou o cargo a Márcio Zimmermann, que o devolveu a Lobão em 2011.
De acordo com informações do jornal paulista Folha de S.Paulo, o TCU teria encontrado irregularidades em 185 itens, de 190 analisados, nas notas fiscais emitidas pelo consórcio que constroi a Abreu Lima, onde uma das integrantes é a Camargo Corrêa.
Ali os problemas encontrados estão nos valores pagos e naqueles apresentados no documento fiscal, onde os preços são menores que aqueles pagos às empreiteiras. Como é o caso de uma tubulação pela qual a Petrobras pagou R$ 24,3 mil e que foi comprada por R$ 4,3 mil.
Há casos, citados pelo jornal paulista, em que o item adquirido por R$ 9.684, um compressor a diesel, o documento fiscal aponta despesa de apenas R$ 70 com o equipamento.
São flagrantes desse naipe que levaram à conclusão, pelo TCU, de que a prática de sobrepreço na Petrobras era pagar o dobro, embora existam casos onde o superfaturamento subiu a mais de 13.000%.
Não é de estranhar, então, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso Mello, tenha qualificado a corrupção na Petrobras como “delinquência institucional”, tamanho o descalabro contra o bolso do contribuinte.
Se a delinquência está (ou esteve) institucionalizada na Petrobras, é preocupante. Porém, existem outras situações sobre as quais pouco ou nada se fala sobre a gestão, como é o caso do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), cuja remuneração, para o trabalhador, o deixa com rendimentos inferiores à poupança, mas a aplicação dos recursos no mercado não tem nenhuma transparência.
Enquanto isso, ao trabalhador que perde seu emprego é colocado em dificuldade para acessar o auxílio-desemprego, mesmo ao se considerar o crescimento na poda dos postos de trabalho que está acontecendo no Brasil, em que a crise econômica desestimula investidores a aplicar recursos no país e a baixa no consumo derruba as vendas, levando as empresas a conter gastos e demitir.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 25/08/2015

Protestos e toadas de bumbá na Djalma Batista

05 segunda-feira dez 2016

Posted by Eustáquio Libório in Textos & Economia

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corrupção, Dilma Rousseff, escândalo, govermo, Manaus, manifestação, PT, toada

Motivos para protestar foi o que não faltou aos manifestantes que foram à ruas de Manaus demonstrar a sua inconformidade com os rumos do país nos últimos tempos em função da má gestão do governo petista, com os consequentes prejuízos à população que enfrenta a má qualidade dos serviços públicos agravada por fatores como desemprego.

O brasileiro sabe ser possível ao povo que elege um político, também destituí-lo

No entanto, se a maior parte dos manifestantes estava antenada com os erros cometidos pelo governo de Dilma Rousseff e outros que já vêm de seu antecessor, como a opção por aquilo que os petistas denominaram de nova matriz econômica, deixando de lado o tripé básico para ampliar os gastos públicos, a intervenção do Estado na economia, além de deixar correr frouxa a inflação.
Outras medidas também concorreram para pôr o país na situação de crise econômica como o controle de preços e até mesmo a utilização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como sócio na criação de grande grupos empresariais. Isto sem falar na endêmica corrupção, agora institucionalizada, e na crise política.
Em que pesem essas medidas como motivos para os manifestantes mostrarem seu desagrado com o governo, o que pegou mesmo, pelo menos em Manaus, foi o apelo anticorrupção e o peso da inflação no bolso dos brasileiros.
De outro lado, gente que já foi apoio e sustentação do PT e do lulismo caiu em si e mudou de lado ao ver o descalabro na administração e o reflexo disso na sua renda, no seu bolso, como é o caso de funcionários públicos que se armaram de faixas e cartazes para reivindicar, além do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o reajuste de seus salários, corroídos pela inflação, cuja defasagem, dizem, está próximo dos 30%.
Se há motivos legítimos para descontentamento com o governo, existes também aquelas reivindicações que podem ser classificadas, no mínimo, como sem propósito. É o caso, por exemplo, de quem quer a volta dos militares por achar que não haveria políticos capazes de colocar o país nos eixos, novamente. Ora, homens, independente da profissão, são falhos pela própria natureza e nada garante que um militar, como já aconteceu no  passado, esteja isento de cometer erros.
A democracia, o voto, as eleições e a harmonia entre – embora às vezes a desarmonia momentânea possa ocorrer – os poderes é que garantem o funcionamento das instituições, e nesse aspecto o país tem caminhado firme nas últimas décadas. Logo, ter a pretensão de pôr o país sob a tutela militar é um equívoco.
Os manifestantes da avenida Djalma Batista acrescentaram tempero no protesto ao montar letras que exprimiam sua insatisfação, ao mesmo tempo que cultivaram uma característica muito amazonense ao cantar essas reivindicações no ritmo contagiante das toadas dos bumbás de Parintins. E aí, a avenida, toda em verde e amarelo, esqueceu a rivalidade “bovina” para mostrar a unidade contra o descalabro na administração pública.
Não passou despercebida, também, a vontade de tirar o crime organizado, e muito bem organizado, que infesta o país e, entre outros males, conseguiu detonar a maior empresa brasileira, a Petrobras, cujas ações despencaram em mais de dois terços, obviamente com a ajuda, neste caso específico, da conjuntura internacional a jogar o preço do petróleo para o chão.
Por fim, cabe lembrar que a suposta ligação do ex-presidente Lula com ilegalidades junto a empreiteiras investigadas pelo juiz Sérgio Moro, na operação Lava-Jato, acabou por dar um toque novo às manifestações, uma vez que até então o ex-presidente não fora alvo desse tipo de conexão indecente.
Aos que julgam que o número de pessoas nas ruas é que conta, fica o lembrete que o próprio ex-presidente Lula fez, à época do impeachment de Fernando Color, ao dizer que o brasileiro sabe ser possível ao povo que elege um político, também destituí-lo. Tudo, obviamente, conforme as leis e em conformidade com a democracia.

Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 18/08/2015

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