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Arquivos Mensais: maio 2018

Opções erradas

29 terça-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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caminhoneiros, crise, diesel, greve, Manaus, petróleo, política

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Um efeito sombra, se pode ser chamado assim, se abateu sobre Manaus na noite de quinta-feira e levou ao quase pânico proprietários de veículos durante toda a sexta-feira, 25 de maio, com boatos sobre quebra de estoque de combustíveis, principalmente de gasolina e etanol em toda a cidade. O resultado, alimentado pela mídia local, foi uma corrida aos postos de gasolina que culminou com cerca de 70% desses estabelecimentos distribuidores de combustíveis fechados, por volta das 14h, em virtude de estarem com seus reservatórios vazios.

O movimento paredista e de bloqueio de rodovias pelo país afora desencadeado pelos caminhoneiros chegou a Manaus pela via ilegal, assim como o próprio movimento, de bloquear o acesso à refinaria Isaac Sabbá ao longo da sexta-feira e, com isso, impedir a livre distribuição e venda de combustível na capital do Amazonas.

O movimento ilegal dos caminhoneiros foi organizado, conforme seus participantes, pelo aplicativo WhatsApp e esta iniciativa – de usar o aplicativo – deu origem a boatos que “bombaram” nas redes sociais e nos grupos do próprio aplicativo, por mais absurdos que fossem, como o foi a própria corrida aos postos pela cidade.

O que explica aquela corrida aos postos se no sábado, pela manhã, a maioria desses distribuidores estava comercializando combustíveis normalmente? A força da mídia, seja ela nas redes sociais ou nos meios tradicionais como rádio, TVs e jornais, além da própria internet em seus sites noticiosos. Como já registravam os estudiosas da sociologia da comunicação e das mídias, essas práticas seriam as “profecias comunicacionais” que ganharam maior impacto no final do século 20, com a internet e mesmo com setores econômicos que utilizam as novas tecnologias.

Sudeste, Sul e demais regiões brasileiras, assim como parte da região Norte conectada por rodovias, estão até esta segunda-feira, 28, enfrentando dificuldades dada a dependência do país, que tem nas rodovias mais de 60% do modal de circulação de cargas. O perfil de Manaus diverge da maioria das cidades brasileiras por ter uma refinaria instalada. Além disso, a entrada e saída de mercadorias para abastecimento ou distribuição do que aqui é produzido, depende de uma logística diferenciada que tem nos rios uma boa parte das rotas de escoamento, mesmo com o pouco caso das autoridades em relação às hidrovias.

De acordo com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), a participação no escoamento de cargas pelas rodovias, no Brasil, atinge o volume de 65%; as ferrovias respondem por 15% e a cabotagem, em conjunto com as hidrovias, respondem por 16% do fluxo de cargas no país, cabendo ao transporte aéreo um residual de 0,2%. Dutovias respondem por 4%.

A opção pelas rodovias no país vem lá de meados do século XX, nos tempos de JK, com aquela política de fazer “50 anos em 5”. De lá para cá pouco se investiu em ferrovias e os números atuais continuam a fomentar essa preferência maléfica do país pelas rodovias, a quais receberam R$ 1,9 bilhão em investimentos – e nem por isso têm boa qualidade –, enquanto as ferrovias tiveram R$ 120 milhões.

Se o movimento dos caminhoneiros começou com a bandeira da reivindicação no corte no preço do óleo diesel, o que pode até ser entendido, pois a própria população sofre com a alta exacerbada no preço da gasolina também, se abre aí uma outra modalidade de debate que envolve a natureza da Petrobras como estatal, fato que, devido a seu monopólio na maioria das operações vinculadas à exploração de petróleo, tira a possibilidade de concorrência neste mercado, enquanto os varejistas, e por esse substantivo entenda-se os postos, são acusados da prática de cartel e não só em Manaus. Isto sem falar da enorme carga tributária incidente sobre os combustíveis, onde os grandes favorecidos são os estados, via arrecadação do Imposto so bre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Por fim cabe um registro acerca da malha aérea nacional, quando se sabe que Brasília concentra pelo menos 40% das conexões dos voos no país. Quer dizer, se o pessoal ligado a navegação aérea em Brasília resolver seguir a rota dos caminhoneiros, além da anunciada greve de petroleiros a partir de quarta-feira, dia 30, não vai faltar nada para o Brasil parar.

Voo de galinha no radar

22 terça-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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crise, diesel, economia, gasolina, lucro, Petrobras, PIB

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Dois indicadores listados pelo Banco Central na pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 21, chamam a atenção para a freada da atividade econômica que já está se aproximando neste ano. O primeiro é a sinalização dos agentes econômicos quanto ao crescimento dos preços administrados e o segundo é a indicação de queda na geração de riqueza no país.

Com o realinhamento de seus preços ao mercado externo, a companhia assegurou lucro de quase a R$ 7 bilhões no primeiro trimestre deste ano

No que diz respeito aos preços administrados, cuja estimativa subiu de uma semana para outra de 5,20% para 5,40%, sem contar que há três semanas esse patamar era bem inferior e estava situado em 5%, reflete, entre outros fatores, a política de preço dos combustíveis praticada pela Petrobras. Com o realinhamento de seus preços ao mercado externo, a companhia assegurou lucro de quase a R$ 7 bilhões no primeiro trimestre deste exercício, enquanto quem paga a conta, como caminhoneiros, anda fazendo protesto, mas o petróleo é nosso.

Se a Petrobras, desta vez, parece ter encontrado o caminho para o bom desempenho empresarial, mesmo que seja na rota do bolso do usuário de seus produtos, a sinalização quanto à geração de riqueza no Brasil, também conforme a pesquisa do Banco Central, voltou a cair pela terceira semana, quando estava em 2,75% e, na semana passada, chegou a indicar que produto interno bruto (PIB) do país deve crescer 2,50% neste ano.

Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Monitor do PIB relativo a março também não traz boas notícias ao constatar que os números apurados pela FGV são divergentes quanto ao desempenho da economia no primeiro trimestre de 2018, pois a taxa do trimestre é de crescimento de 0,3% com tendência de alta, já a taxa trimestral no comparativo interanual, apesar de ser positiva em 0,9%, apresenta trajetória de queda.

Os analistas da FGV sinalizam algum otimismo quanto ao desempenho da atividade econômica quando registram que esse desempenho dá continuação à inversão da trajetória de queda observada até o último trimestre de 2017, no entanto, acender duas velas em ano de eleição presidencial também vale para esses técnicos. Eles explicam que a agropecuária, a mascote do desempenho no ano passado, fechou o mês de março acumulando retração de 5,2% no acumulado dos três meses iniciais de 2018.

Embalada por fatores externos e internos, a indústria também apresenta baixas. Conforme o Monitor da FGV, a indústria de extração mineral teve retração de -1,6% e a construção de 2,5%. Entre os segmentos mais representativos, o setor e serviços só teve um segmento com retração, o de informação, com baixa de -3,3%.

Enquanto isso, a Bolsa de Valores – B3 – teve uma sessão volátil na segunda-feira, 21, tendo subido até 0,96%, mas no meio da tarde estava em queda de -1,68%, assim, não acompanhou suas congêneres no exterior e foi puxada pela queda de ações como a da Vale e dos bancos, o que não impede de que tal desempenho também tenha a ver com a atração exercida pelos juros mais altos no Estados Unidos.

Em ano de Copa do Mundo, o esporte nacional não parece estar empolgando os brasileiros que continuam a correr atrás de emprego sem que este apareça, enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) continua a identificar imenso contingente de brasileiros em idade produtiva que não estudam e nem trabalham. Na última PNAD Contínua divulgada na sexta-feira, 18, essa massa era de 11,2 milhões de pessoas, em números de 2017, maior do que o contingente encontrado em 2016. É o Brasil perdendo a oportunidade de crescer e melhorar a renda da população por falta de políticas públicas sérias.

Candidatos “desbravadores” em Manaus

15 terça-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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campanha, DEM, Flavio Rocha, Manaus, Manuela D'Ávila, político, PRB, Rodrigo maia

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Até a semana passada, pelo menos sete pré-candidatos à Presidência da República às eleições de outubro deste ano visitaram Manaus e alguns até conseguiram arrebanhar boa quantidade de interlocutores entre a sociedade local para apresentar suas propostas e ganhar o eleitorado já a partir de agora, mesmo que a campanha propriamente dita ainda não esteja a toda força.

Neste ano, porém, o calendário eleitoral parece já ter nascido letra morta e as condições para fazer cumpri-lo, conforme as normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não se concretizam e o resultado é que até político presidiário se candidata à Presidência da República, enquanto seus simpatizantes fazem trocadilho com sua condição a fim de, nessa era pós-verdade cheia de mentiras e fake news, enganar o eleitor incauto, tratando como presidiário político.

Na mesma linha do vale-tudo, Manaus foi palco de uma prática inaugurada, ao que parece, lá pela terra natal do deputado federal Alfredo Nascimento (PR): a de fazer protesto a favor de presidiários que cumprem pena longe de seu pedaço. Se a moda pega, vai faltar tornozeleiras eletrônicas, além de cadeias para esses apologistas do crime.

Mas voltemos aos pré-candidatos que visitam o Amazonas em busca de capital eleitoral (esclarecendo: votos e não outra coisa). É interessante a reação de quem vem à Amazônia e se encanta com a floresta a ponto de inventar (ou seria “criar”?) narrativa transmutando pessoas em heróis, como o fez a pré-candidata do PCdoB que, ao se  despedir e agradecer à sua correligionária e senadora pelo Amazonas que a trouxe a Manaus, afirmou que a senadora “desbravou o Amazonas”. Como diria o caboco de antigamente: “Olha já!” e os de hoje simplesmente complementam com um sonoro “é mermo!”

Se pré-candidatos vêm vender seu peixe por aqui, os políticos com cargo no Congresso Nacional parecem estar sentindo o problema que o cidadão comum já sente há algumas eleições: a falta de opções de candidatos comprometidos com mudanças – e por isso agregadores de votos – mas que sejam flexíveis em troca de apoio político, como se pôde observar nas recentes visitas de Rodrigo Maia (DEM) e Flavio Rocha (PRB).

Não só um ou dois políticos locais estiveram em eventos dos dois candidatos, e não me refiro ao prefeito de Manaus, mas até a político do PRB, com assento na Câmara Federal, que mostrou a cara para prestigiar evento do candidato rival, no caso, o candidato do DEM, Rodrigo Maia.  Vai por aí a grande capacidade de diálogo e entendimento do político ou é aquela célebre situação de acender uma vela a Deus e outra ao capeta?

Por falar em Rodrigo Maia é bom registrar o que parece ser uma posição muito favorável ao Amazonas ao concordar com a pavimentação da rodovia BR-319, que um dia ligou o Amazonas ao restante do país. Ao contrário de outra pré-candidata – ou nem tanto? – Marina Silva (Rede) que quando ministra do Meio Ambiente fez um esforço tão grande para preservar a Amazônia que manteve a BR-319 intransitável, embora, lá pelo seu estado natal, o Acre, se tenha rodovias ligando-o inclusive à Bolívia e as perdas de floresta sejam bem mais visíveis.

Rodrigo Maia, porém, ao contrário de Flavio Rocha que buscou para suas empresas a zona franca do Paraguai, prefere que se façam investimentos na Zona Franca de Manaus (ZFM) com o objetivo de modernizá-la e também de ampliá-la. Se por ampliar se entender avalizar projetos que estendam benefícios fiscais onde eles podem fazer a diferença, nada contra, agora se for para aumentar subsídios com recursos do contribuinte para ampliar também a desigualdade entre as regiões brasileiras, como projetos em trâmite no Congresso Nacional propõem, aí é melhor reavaliar as propostas de Maia.

Mas enquanto Flavio Rocha se preocupa em proteger indígenas, os quais, conforme o candidato, estão sendo expulsos de suas terras, Maia prefere fazer um alerta ao Brasil: Se as reformas necessárias não forem implementadas, daqui uns dias os investimentos públicos priorizarão a educação ou a saúde, não mais as duas.

Bem, do jeito que ambas estão, parece que não se investe em nenhuma já faz um bom tempo.

Subsídios para os mais ricos, só para variar

08 terça-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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gasto triutário, renúncia fiscal, sudeste, tributos, zona franca

A arenga daqueles que criticam o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) por, nessa visão distorcida, acarretar despesas para a União sem que apareçam os retornos, resultado da política de incentivos fiscais devidamente previsto na Constituição Federal, começa a perder força com estudos que o Ministério da Fazendo vem publicando ultimamente.

Referimo-nos ao Orçamento de Subsídios da União (OSU), que, em sua segunda edição, com a inclusão de dados do exercício de 2017, demonstra sem nenhuma dúvida, para onde são carreados cerca de 50% dos subsídios concedidos pela Federação entre as cinco grandes regiões.

Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, os quais compõem a região mais rica do Brasil, a Sudeste, foram beneficiados, no exercício de 2017, com o valor de 134,4 bilhões de reais em subsídios caracterizados como Gastos Tributários da União (GT). Esse montante equivale a exatos 49,7% do total de 270,4 bilhões de reais, valor que inclui, também, por serem da mesma natureza, os incentivos da ZFM. Mas, como se vê, a parte do leão – ou da qual o Leão abdica – fica com os estados mais ricos.

A publicação do Ministério da Fazenda atribui essa grande participação da região Sudeste no GT ao fato, conforme o estudo, de ser nessa região que está a maior parte dos domicílios de quem aderiu ao Simples Nacional. Pode até ser, mas aí também deve pesar a força política dos representantes destes estados, entre outros fatores.  O Simples, no exercício de 2017, disponibilizou subsídios de pouco mais de 75 bilhões de reais, ou mais de três vezes aqueles auferidos pela ZFM.

No balanço da distribuição regional dos Gastos Tributários da União, a Região Sul ficou 2º lugar, com o montante de 40,1 bilhões de reais, correspondente a 14,8% do total; em 3º lugar vem a Região Nordeste, com 36,5 bilhões de reais e participação de 13,5%. Em seguida, na quarta posição, a Região Centro-Oeste, com 30 bilhões, equivalente a 11,1% e, na lanterna, na 5ª e última colocação ficou a Região Norte, com 29,5 bilhões e participação de 10,9% no GT.

Entre os principais programas abrangidos pelos Gastos Tributários da União, o Simples Nacional é o que absorve maior volume de recursos. Em 2017 atingiu 75,57 bilhões de reais. Em seguida vem os gastos com Rendimentos Isentos e Não Tributáveis – IRPF, com 28,04 bilhões de reais. Aqui cabe uma observação: rendimentos provenientes de lucros e dividendos não são tributados no IRPF, já aqueles oriundos do trabalho podem atingir até a alíquota de 27,5% de tributação.

O terceiro maior gasto do GT, com Agricultura e Agroindústria – Desoneração da Cesta Básica, foi de 23,84 bilhões, enquanto a Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio, no exercício de 2017, ficou com 21,63 bilhões de reais. Com valor pouco menor que o da ZFM, as isenções às entidades sem fins lucrativos, no mesmo período, foram de 21,20 bilhões de reais.

As Deduções de Rendimentos Tributáveis – IRPF, com 17,54 bilhões de reais, vêm na 6ª posição, e é oportuno registrar que os limites esses valores, à exceção de despesas médicas que não têm limite, há um bom tempo não são corrigidos, o que leva o brasileiro que ganha a fortuna de R$ 2.827,00, por mês, a pagar Imposto de Renda a partir da alíquota de 7,5%. As alíquotas também estão defasadas e quem ganha com isso é a arrecadação federal.

Apenas para ilustrar, embora não figure entre os dez maiores segmentos favorecidos com GT, o setor automotivo usufruiu de subsídios no montante de 5,22 bilhões de reais em 2017, isto, apesar de ser uma indústria amadurecida e que, a cada ano, necessita de menor contingente de trabalhadores em suas plantas, construídas para utilizar os recursos da automação em sua linha de montagem.

Os gastos totais da União com subsídios, incluindo GT, além dos financeiros e creditícios, atingiram o montante 354,8 bilhões de reais no exercício de 2017. Nesse universo de recursos, o valor “dispendido” com a ZFM representa 6,09%, sem se falar nos tributos gerados nas três esferas administrativas, consequência direta ou indireta da atividade da Zona Franca de Manaus.

 

Pesquisa mostra que, se está ruim, vai piorar

04 sexta-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Notícia

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emprego, finanças, inflação, violência

A Pesquisa de Intenção de Compra e Confiança do Consumidor, divulgada nesta sexta-feira, 4, pela Fecomércio/AM, traz estimativas de que o consumidor pretende gastar R$ 150 em presente voltado para o Dia das Mães. Ao lado desta intenção de gasto, 47,5% dos entrevistados têm expectativa de que, nos próximos seis meses, a situação da economia do Amazonas pode estar um pouco ou muito pior do no momento atual.

Na mesma linha de raciocínio, 37,3% das pessoas ouvidas pela Fecomércio dizem acreditar que a situação financeira de suas famílias também deve piorar na comparação com o período de seis meses atrás. A notícia ruim é que, para 87,2% dos consumidores que responderam à pesquisa e que estão em busca de um novo emprego, conseguir uma ocupação está mais difícil do que neste mesmo período de 2017.

Apesar dos indicadores do governo federal acerca da baixa na inflação, 96% dos consumidores manauaras têm expectativa de que os preços devem estar mais altos no próximo mês em comparação ao mês anterior. De outro lado, 24,5% dos entrevistados declararam ter sofrido assalto no mês de março.

Mistificações energéticas no Amazonas

02 quarta-feira maio 2018

Posted by Eustáquio Libório in Artigo

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Eletrobras, energia, gás, Manaus, privatização

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No que diz respeito a energia, o Amazonas, e Manaus em particular, já viveram tempos muito bons e outros de pura mistificação sem que a capital do Estado e a população do enorme interior amazônico seja atendida com serviço de qualidade quando se fala de energia, seja elétrica, a cargo da Eletrobras e subsidiárias, e mesmo a partir do gás, combustível que já foi, em meados da primeira década deste século, o canto da sereia do qual se aproveitaram não poucos políticos para fazer seu marketing de enganação. Manaus foi uma das capitais pioneiras no uso da eletricidade no país, incluindo os bondes elétricos.

Não vai longe, ali por 2004, durante o primeiro governo petista sob a batuta daquele do qual me recuso a dizer o nome, quando se apregoava que o gasoduto Coari-Manaus seria a solução para o sistema termoelétrico de geração de energia para Manaus, com a utilização de um combustível limpo, mais barato e que só dependia do gasoduto para chegar aqui.

Orçado inicialmente em R$ 2,4 bilhões, o gasoduto atingiu a cifra de R$ 4,5 bilhões para cobrir os pouco mais de 660 quilômetros que separam a base Urucu-Coari de Manaus. Em operação desde 2009, de acordo com a Petrobras, o gasoduto abastece, com 5,5 milhões de metros cúbicos diários de gás, as geradoras Manauara, Tambaqui, Jaraqui, Aparecida, Mauá, Cristiano Rocha e Ponta Negra, gerando 760 MW. Agora, consulte o usuário para aferir a satisfação com o serviço de distribuição, a cargo da Eletrobrás.

A chegada do gasoduto a Manaus, mesmo com despesas quase dobradas necessárias para pô-lo em funcionamento e permitir a utilização do gás pelas geradoras na capital, do ponto de vista do consumidor pouca coisa mudou, seja pela falta de qualidade do serviço ou pelas tarifas praticadas, que têm subido sem nenhuma contrapartida de melhoria.

Mas aí veio outra promessa: ligar Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a partir de Tucuruí/PA, e resolver, de uma vez, os problemas no fornecimento de energia para a capital. O Linhão de Tucuruí, como ficou conhecida essa conexão, tem cerca de 1.800 quilômetros de extensão, interligado por 3.600 torres, algumas das quais são tão altas quanto a Torre Eiffel, em Paris, como aquelas necessárias para levar os cabos de uma margem a outra do rio Amazonas. O linhão também incluiu a construção de sete subestações, do zero, embora o sistema opere com oito subestações. O custo da proeza, iniciada em 2010, foi de módicos R$ 3 bilhões

Quase oito bilhões de reais em infraestrutura para trazer energia de qualidade a Manaus e a população quase não nota nenhuma diferença entre o antes e o depois, dada a frequência dos apagões a complicar e até inviabilizar a vida dos manauaras. Lembremo-nos dos hospitais.

A situação recorda um pouco as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros, quando a telefonia era estatal e para adquirir uma linha telefônica, o cidadão tinha que virar investidor e fazer uma compra casada de linha e de ações da tal Telebrás, já o serviço era muito ruim, e caro.

No entanto, há quem queira e lute para manter a Eletrobrás sob o guarda-chuva do dinheiro do contribuinte, do usuário, que não tem um serviço adequado e ainda vai ter que cobrir rombos, distribuídos democraticamente entre todos os brasileiros, como aqueles R$ 130 bilhões, investidos no sistema Eletrobrás desde o início dos governos petistas, em 2003. O problema todo é que a estatal, por fatores conhecidos, teve seu valor de mercado reduzido de 57 bilhões de reais para 27 bilhões de reais, com o faturamento encolhendo de 41 bilhões de reais para 32 bilhões de reais. Não vou nem falar dos resultados negativos que se acumulam desde 2012.

É muito dinheiro indo pelo ralo, só porque alguns querem manter a energia sob o comando do governo, mesmo que a incompetência leve a empresa para o buraco.

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